Leonardo Manzan, especialista em direito tributário destaca que o contencioso tributário no cenário da reforma tributária brasileira é um tema que tem gerado grande discussão entre contribuintes, advogados e autoridades fiscais. As mudanças previstas pela Reforma Tributária podem gerar inúmeras questões interpretativas, o que, por sua vez, pode levar ao aumento dos litígios tributários.
Este artigo discute as principais questões interpretativas que podem surgir e os potenciais litígios decorrentes da implementação da reforma. Veja mais, a seguir!
Quais são as principais questões interpretativas da Reforma Tributária?
A principal questão interpretativa que deve surgir com a Reforma Tributária é a definição de como os novos impostos. De acordo com Leonardo Manzan, o IBS será responsável pela unificação de impostos como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins, mas as empresas terão que entender como calcular e pagar esse novo imposto de forma eficiente. A mudança no formato de apuração e na alíquota única, que deve ser aplicada em todo o território nacional, poderá gerar divergências quanto à forma correta de aplicação das novas regras.
A transição entre o modelo atual e o novo regime pode ser complicada pela falta de regulamentações claras sobre temas como a compensação de créditos tributários e a apuração das bases de cálculo do IBS. Esses pontos exigem um nível de interpretação detalhado da legislação para garantir que os contribuintes não enfrentem surpresas fiscais. A insegurança quanto à aplicação das normas pode, portanto, resultar em litígios, já que as empresas podem buscar o Judiciário para questionar a validade de cobranças ou a interpretação das novas regras.
Como as novas regras podem gerar litígios tributários?
Segundo Leonardo Manzan, a implementação das novas regras tributárias certamente gerará um aumento no número de litígios tributários. Como o sistema atual é baseado em diversos impostos específicos com regulamentações próprias, a transição para um modelo mais simples, mas unificado, exige uma adaptação complexa e uma correta interpretação das novas normas.

Além disso, o processo de adaptação pode gerar disputas sobre a aplicação de alíquotas diferenciadas ou a retenção de tributos em casos específicos. Em um sistema que prevê a arrecadação mais centralizada, é possível que surjam contestações sobre a distribuição de receitas entre os estados e a União, além de disputas em relação à competência tributária. Essa dinâmica é propensa a gerar ações judiciais, já que muitas questões estarão em aberto, dependendo da interpretação dos contribuintes e da autoridade fiscal sobre a nova legislação.
Quais setores podem ser mais afetados pelo contencioso tributário?
Alguns setores da economia brasileira podem ser mais afetados pelo contencioso tributário. Como evidencia Leonardo Manzan, setores como o comércio eletrônico e o agronegócio, que operam com regras tributárias específicas, poderão enfrentar maiores dificuldades com a implementação das novas normas. A unificação dos tributos pode gerar aumento da carga tributária em determinados segmentos, o que levaria os contribuintes a questionar judicialmente os novos critérios de tributação.
Outro setor que pode enfrentar grandes desafios é o de serviços. A mudança nas alíquotas e a definição de qual imposto se aplicará a cada tipo de serviço pode gerar insegurança, já que muitos prestadores de serviço poderão ter a impressão de que estão sendo onerados de maneira indevida. Por isso, a assessoria jurídica será essencial para que os empresários desses setores compreendam os impactos e adotem estratégias eficientes para contestar eventuais cobranças indevidas ou interpretar corretamente as novas normas.
Considerações finais
O contencioso tributário no cenário da reforma tributária é uma realidade iminente, dado o grande número de questões interpretativas que surgirão com a implementação das novas regras. Conforme Leonardo Manzan, os litígios tributários têm potencial para crescer, especialmente à medida que as empresas tentam se adaptar ao novo sistema de tributação. A transição para os novos impostos, como o IBS e o CBS, exigirá dos contribuintes e dos advogados uma compreensão profunda das normas e da maneira como elas serão aplicadas.
Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema tributário, os desafios interpretativos e os potenciais litígios que surgirão precisam ser monitorados de perto. Empresas e profissionais devem se preparar para esse novo cenário, buscando não apenas soluções jurídicas, mas também estratégias de conformidade que garantam a segurança fiscal durante a transição. Com uma orientação jurídica adequada, será possível navegar pelas complexidades da Reforma Tributária e minimizar os impactos adversos que possam surgir.
Autor: Rodion Sokolov